Friday, January 23, 2009

Dou por mim mais velha.
E não quero dizer que agora tenha cabelos brancos ou rougas (se bem que começo a notar qualquer esquisita na minha testa). Mas não, não é isso.
O meu problema é que tenho dado por mim mais desconfiada, menos crente nas pessoas, menos crente na mudança. Não sei se sigo o pessimismo mundial ou só se é suposto que esta descrença aconteça com a idade.
Não sei mas tenho medo.
Tenho medo de ficar como a minha senhoria que tem muito medo de sair de casa se está escuro, que tem sempre muito frio e que veste roupa antiquada e crocs a condizer.
Falava disto a um amigo que me dizia que o medo dele é vir a ser um velho ordinário. Quando está em casa e diz a sua piadola, pensa nesse futuro com desterro.
E o pior é que tem antecedentes familiares.

4 comments:

Zeca said...

Não estás a ficar velha =) Pelo menos nós os dois ainda somos uns jovens quando estamos juntos (*olhar maroto* lol)

I understand U completly... acho que nem é crescer, são "aqueles" momentos que nos tiram anos de vida, ou que nos tiram um bocadinho de esperança no mundo, que vão acumulando até que chega a um ponto onde os momentos raros são aqueles em que "acreditamos no mundo"....

Temos de contrariar isso =) Acreditar que a mudança começa em nós para atinguir o próximo, e que mais tarde ou mais cedo afecta toda a gente =) ( I believe in that )

Anonymous said...

como te compreendo, querida amiga (sei que tenho um e-mail para responder e fá-lo-ei ainda esta semana ;). para mim esse processo começou com uma mirada insuspeita ao espelho. demorei-me um pouco mais, revi expressões que sempre tive por muito minhas, dissequei rugas e olheiras cavadas sob cada um dos olhos, e daí até àquilo de que falas foi um pulo pequenino, como o dos melros sobre a relva. não sei se tenho medo, mas é uma sensação que só consigo definir como "esmagadora".
(e estes últimos 2 anos acrescentaram velhice ao meu envelhecimento...)

syddartha said...
This comment has been removed by the author.
syddartha said...

Escusavas de me expor desta forma nítida e indefensável, que eu sofro sinceros horrores quando a boca me escapa para o medíocre. E que saibas, se há coisas que me honram elas são as razões familiares, a exemplo o meu avô António que está no céu, mas ainda em terra não se escusou de lamentar a vinda de um hidrocelo fora de tempo, andara ele uma juventude inteira a prantear-se por uns escrotos cujo volume nunca o satisfizeram... E só para não falar na lírica grosseiro-badalhoca da Avó Oliveirinha...