Thursday, May 29, 2008

droga!

hoje descobri o que as drogas fazem conosco.
elas parasitam os sistemas biológicos cerebrais.
Como?
O sistema de recompensa (reforço) é estimulado de uma forma megalomana (grandes concentrações de neurotransmissores) quando consumimos droga, mil vezes mais do que quando comemos e sentimos fome, do quando temos sexo com líbido... E o trabalho para chegarmos ao prazer (reforço) é mínimo, fumar, injectar, deglutir. O prazer e todas as questões emocionais estão intimamente ligadas à memória, ninguém consege esquecer que consumiu droga.
o problema principal chega com a tolerância à droga. O estímulo megalomano inicial é percepcionado como um estímulo de proporções cada vez mais pequenas.
E os estímulos pequeninos, que almoçar, matar a sede ou telefonar a um amigo dão, tornam-se microscopicos!!!
e assim é que a vida perde a cor, temos a dor da privação e o alívio da toma.
e nada mais. nada de leite creme, orgamos, refresco em tarde de verão ou o quentinho no estômago depois daquele sorriso.

Saturday, May 24, 2008

Paolo Nutini



S., em especial, para ti. pequena retribuição por todos tesouros nusicais que me ofereces e acabam por fazer parte da minha vida.

li algo semelhante em "eu sou um lápis": a arte não é apenas importante, ela torna a vida suportável.

Saturday, May 17, 2008

a morte não é uma sala de hospital, não é estar ali sentada com as músicas do festival da canção de 68, já não és quem ali está. E é estranho que é aquilo que a enfermeira não me diz que me diz tudo, o seu "a médica já fala consigo".
Depois ao ver-me perdida, repete-me a mesma frase do cinema: "fale com ela, que ela ouve-a". E, por uma vez, como é difícil reconhecermos o discurso! A minha timidez faz com que a nossa interacção seja restrita, afago-te a testa e digo um "bom dia" em jeito de "gosto de ti".
Uma hora depois e tudo se confirma, já não voltas para nós.
E aí, quando voltamos a tua casa, à casa que será sempre tua, uma dor mais fina e absurda nos consome. É aqui que a tua morte é palpável.
Escolhemos a tua última roupa e pensamos em ti dentro de todos os fatos que não mais vais usar, tentamos não ver os teus óculos, deitamos fora a escova de dentes, pensamos no que fazer ao teu telemóvel. Como são absurdas as coisas por si só, como é denso o vazio que fica sem a pessoa que interage. Ali ficamos durante a tarde a passear por aquilo sítio tão teu, deseperadamente a tentar ter uma ocupação, obcecadamente à procura de fazer qualquer coisa.
O estufado que nasceu deste desespero, ficou a ocupar o frigorífico, como todos já adivinhavamos.
Bate-me mais forte o coração por ver o caixão a chegar.
É uma certeza, repito-me para ter a certeza, "Já não voltas para nós".
A ideia que me consola é a de que "te tivemos".
E é difícil conhecer pessoas tolerantes, que sofreram mas não amarguraram, que criaram raízes tão fortes nas pessoas que as rodeiam, pessoas que souberam fazer amigos, mas que sobretudo souberam manter amizades.
Ficarás sempre conosco, é também uma certeza.
"Acerca das coisas de que não se pode falar, tem que se ficar em silêncio" Wittgenstein
e no entanto é precisamente acerca dessas coisas que não podemos de forma alguma ficar calados...
(na revista "um café")

Thursday, April 3, 2008

we drink tonight



If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight
Far from home, elephant gun

Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

Elephant Gun, dos fantásticos Beirut

Sunday, March 23, 2008

letras

A literatura invadiu meu cotidiano. Minha vida de leitora não começou muito cedo. Eu me interessava por outras coisas. Acabei me apaixonando pelos escritores primeiro e depois por seus livros. Os escritores que frequentavam nossa casa eram divertidíssimos. Eu achava graça deles e ia atrás de seus livros - contou ela. - Passei a escrever, acho, para participar da festa.

Se uma criança não entende uma palavra ou outra, ela vai fazer um esforço de compreensão. Não escrevo para uma criança entender o que eu escrevo, mas para ela entender o que eu não escrevo.
Marina Colansati
uma escritora brasileira que descobri recentemente