Wednesday, July 11, 2007

Apetece-me roubar todas as palavras que não consigo escrever para explicar aquilo que estou a viver.
Todas as palavras me parecem diminutas perante a própria vida.


Como esperar que nas próximas 5 linhas possa descrever alguém? a cumplicidade de uma amizade não se regista em palavras. o amor não se resume a ridículas cartas. a dor não cabe em três letras.
No meio de tudo isto apenas damos pistas e esperamos que a vivência da outra pessoa ajude a descodificar o que acabamos de dizer.
Ela disse-me: ele tinha olhar mais culpado que eu já vi. Eu li: a imagem de todos os olhares culpados que já vi e escolhi um. Seguramente é completamente diferente do original.
A verdade reside dentro de cada um de nós, resta-nos a verosimilhança para representar o que sucedeu nesse passado distorcido pela nossa memória.


Ainda assim desejo pôr em caracteres aquilo que tenho guardado cá dentro.
Ter este desejo e não acreditar no poder das palavras é uma incoerência e eu sei, mas o desejo é irracional.
Quero aproximar o meu mar de sentimentos, emoções, sonhos, crenças implícitas da minha consciência racional. Segundo as filosofias as orientais esta racionalização é um exercício inútil, não representa um engrandecimento da autoconsciência.

Mas já o austríaco Wittgenstein diz, por sua vez, "o significado define-se pelo uso".
E eu, eu quero continuar a procurar aquilo que sou.
Não interessa se me encontro, interessa-me que me procuro.

2 comments:

Rick said...

vou hoje comprar o meu moleskine :)

aodrote**

eternal sunshine said...

you are truly beautiful. love u*